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sábado, 15 de junho de 2013

Literatura de cordel: A Chegada dos Deputados no Inferno.

Literatura de cordel


A Chegada dos Deputados no Inferno.

Autoria Coletiva.

Junho 2011.

De um grande acontecido

Esta é a narrativa

Satanás e Deputados

Numa afronta decisiva

A terrível trajetória

Acompanhe essa história

De autoria coletiva.

O Capeta reclamava 

De tanta monotonia

Que o inferno já não tinha

Toda aquela euforia

Foi quando de supetão

Ouviu-se lá do portão

Uma enorme gritaria.

Satanás foi atender

Já um tanto irritado

As 18 autoridades

Que haviam recém-chegado

Eles vestido de terno

E a entrada do inferno

Tinha um cheiro de queimado.

"O que está acontecendo?

Alguém pode me explicar?

Que o caminho do inferno 

Não é tão fácil de achar

O que esse monte de gente

Vem fazer na minha frente

Se eu nem precisei buscar?"

"Farei esclarecimento

Pois sou mais habilitado

Eles são Parlamentares

Eu, Governador de Estado

Que um bando de professores

Taxou-nos de traidores

De um passo que dei errado!"

Nesse instante, todo o grupo

Ia se pronunciar

Os homens com prepotência

As mulheres a chorar

Foi quando o vil Capeta

Pra acabar com a faceta

Resolveu organizar.

"Eu acho melhor parar

Com toda essa agonia

Que o acesso ao inferno

É o Capeta que avalia

Pra passar desse portão

Farão uma avaliação

Com o Índice Mares Guia."

"Sou o Líder do Governo

E digo para o Senhor

Mares Guia nem morreu

É um homem de valor!"

Satanás bateu o pé:

"Quem ele pensa que é,

Pra avaliar professor?"

"Ele trabalha pra mim

Já você está perdido

Até sua biografia

Parece ter esquecido

Quem se alia a opressor

Pra avaliar professor

Tem o inferno garantido."

"Líder e Governador:

O portão está aberto

Ficarão no 5º andar

Por comportamento incerto

Fizeram o que queriam

Porque ainda não sabiam

Que a morte estava tão perto."

Chegaram no 5º andar 

Uma baita confusão

Era uma Festa Junina

E havia um fogueirão

Uma música estridente:

"Aqui queima eternamente

Quem pagou com traição!"

Enquanto isso, o Capeta

Que até se divertia

Seguiu a avaliação 

Ao lado do Mares Guia:

"Ora, ora! Veja, veja!

Veio até Pastor de Igreja

Para a minha hospedaria!"

"Alto lá! Eu sou Cristão!

Não tenho o menor receio!"

Satanás deu uma risada

Cortou a frase no meio:

"Olha quem está falando!

Meu amigo, vá entrando

Do seu tipo, aqui ta cheio!"

"Vou chamar uma mulher

Pra saber como se sente

Que por causa de uma assim

Adão vive descontente

Sabem se fingir de boas

E até hoje as pessoas

Botam culpa na Serpente."

Aproximou-se uma delas

Delicada igual tulipa:

"Como pode ser queimada

Alguém que não participa?!"

Outra mais descontrolada:

"E eu que além de ser queimada

Ainda apanhei de ripa?" 

O Capeta disse logo:

"Estão na mesma sacola!

Não tem choro, não tem vela

Seu discurso aqui não cola

Portão aberto, doutora!

Inclusive a professora

Que nunca foi à escola!"

"Quanto à nobre Deputada

A qual chamam de 'Paquita'

Vai trocar todo esse ouro

Por 'bijou' e marcassita

Pois aqui é diferente

Já que não é consciente

Também não vai ser bonita."

O Maligno avistou

Três na "Ala Infantil"

Um ligava para o pai

Outro tentou ser hostil

Já outro descontrolado

Foi logo encaminhado

Para a área juvenil.

O Capeta esbravejou:

"Tem gente que não se emenda!

Estou ficando nervoso

No meio dessa contenda

Vou ligar pro firmamento

Pois esse carregamento

Me veio de encomenda!"

E, completando o enredo

Atendendo ao seu comando

Os portões, então, se abriram

Os demais foram entrando

Satanás deu gargalhada:

"Vamos lá, rapaziada!

Que aqui está só começando!"

Porém, antes dos portões 
Se fecharem por completo

O Cão ouviu um barulho

Foi ver, estava correto

O deputado se esquivou

Mas vendo o Cão, exaltou:

"Meu amigo predileto!"

"Na verdade, Seu Capeta

Confesso que estou com medo

Mas eu faço um pedido

E quero manter segredo:

Como eu sou radialista

Me conceda uma entrevista

Meu programa é logo cedo."

O Satanás aceitou

Movido pela vaidade:

"Faça logo essas perguntas

Que eu lhe direi a verdade

Já que tudo está perdido 

Vou me tornar conhecido

Naquela localidade."

"Seu Capeta, me responda:

Por que tanta aspereza?

O Senhor está falando 

Com uma pessoa ilesa

Fale-me dos seus valores

E por que aos professores

O Senhor parte em defesa?"

"Você quer ser professor?"

Perguntou o Satanás

"Ganhar quanto ele ganha

Fazer o que ele faz

E no final da sentença

Padecer com uma doença

Que a profissão lhe traz?"

"Acordar de manhã cedo 
E ter um dia corrido

Trabalhar com os anjinhos

Falando no seu ouvido

Ser bastante tolerante

Ter diretor arrogante

Se achando bem resolvido?!"

"Aquele que está no 5º

Fez sua pior besteira

Escreveu própria sentença

Quis dividir a carreira

Daqueles que o aclamaram

Todos se decepcionaram

E os puseram na fogueira."

"Os professores que vejo

Caminham de déu em déu

Fazem ato, assembleia

Ninguém lhe tira o chapéu

Assim, nessa profissão

Ninguém vem ao inferno, não!

Vão direto para o céu!"

O radialista, então

Mostrando-se indignado

Finalizou a entrevista

Nervoso, preocupado

Ainda fazendo drama:

"Vou dizer no meu programa:

Fui um homem injustiçado!"

O Capeta disse ao nobre:

"Passe já pelo portão!"

O injustiçado ainda

Fazia reclamação:

"Professor que me esqueça!

Eu não tiro da cabeça 

Que eles têm parte com o Cão!"

Neste dia, no inferno

Foi uma calamidade

Pois todos os Deputados

Queriam mais liberdade

Tanto que o Satanás

Nomeado incapaz

Perdeu sua autoridade.

Eles se organizaram

Temendo maior perigo

E no 5º do Inferno

O Líder chamou o amigo

Quando a sessão começou

O Governador tomou

A cadeira do Inimigo.

O Cão queria falar

Mas perdeu a paciência

O Governador falando

Com bastante eloquência:

"Oratória é uma arte

Não concedo um aparte

Para Vossa Excelência!"

"Acredito que ao Inferno

Cabem modificações

Encaminharei um Plano

Vocês formem Comissões

Anotem na caderneta

O salário do Capeta

Pago em 8 prestações."

"Não estou acreditando

No que eu ouvi de fato

Este é um alto preço

Que parecia barato

Isso é perseguição!

Não tenho filiação 

A um forte sindicato!"

"Na cadeira do meu reino

Este homem não se senta

Eu agora compreendo

O que professor enfrenta

Vou retomar meu Inferno

Pois esses homens de terno

Nem o Satanás aguenta!"

O Capeta preparou

Uns 18 fogueirões

Um faixa que dizia:

"Os Mestres das Ilusões!

Algozes do Magistério

Queimados no cemitério

Ou dormindo nos caixões!"

Satanás insatisfeito

Pra conseguir seu intento

Procurou Alan Kardec

"Desse jeito eu não aguento!

Vai ser a Terceira Guerra

Mande de volta pra Terra 

Ou leve pra o Firmamento!"

Alan Kardec aceitou

Com Jesus foi conversar

Pegou autorização

Para a Terra os enviar

"Nem tão cedo voltarão

Pois eles têm um montão

De contas para acertar!"

Quando ficaram sabendo

Sentiram muita aflição

O Governador falou:

"Eu não volto pra lá não!

Aqui não tem professor

E o Cão como opositor

É melhor que a oposição!"

O Cão disse: "Estou feliz!

Vocês não fazem ideia

Volte para o seu Palácio

E vocês para a Assembleia

Que não há maior castigo:

Professor como inimigo.

Boa sorte na estreia!"

Acendeu-se forte luz

Ouviu-se alto zumbido

E o vermelho do Inferno

Transformou-se em colorido

Na travessia dos Mundos

Numa questão de segundos

Todos haviam sumido.

Ele acordou de repente

Muito nervoso e suado

E na sua mesa, um Plano

Prestes a ser enviado

Com uma letra cursiva

À Assembleia Legislativa

Do Governo do Estado.

Recordando o que vivera

Em um padecer medonho

Ele tentou decifrar 

Seu pensamento tristonho

O Governador, então

Foi chegando à conclusão:

Tudo não passou de um sonho!

Saiu da sala correndo

Pra conversar com alguém

Naquela sala vazia

Veio uma voz do além:

"Meu caro Governador,

Valorize o Professor

Para o seu próprio bem!"

Aqui finda uma história

Da mais pura inocência

É preciso que os Governos

Dêm mais valor a Docência

Afirmo com confiança

Aqui, qualquer semelhança

É mera coincidência... 

barrinha