O
JOGO COMO DESENCADEADOR DA
APRENDIZAGEM
MATEMÁTICA
Paula: Um, dois, três, quatro, cinco.
Cinco... Seis, sete, oito, nove. Deu nove.
Vitor: Me dá os dados.
Paula: Perai. Sou eu. Me dá nove ai,
tia.
Vitor: (joga os dados e conta
rapidamente com os olhos) Dez. Me dá dez.
Paula: Perai tia. Eu tenho dez já.
Professora: Então deixa eu trocar as da
Paula, depois te dou as suas fichas.
Paula: Toma aqui tia, dez. Me dá uma
vermelha.
Professora: Toma. Quanto deu o seu Vitor?
Vitor: Dez.
Professora: Como você quer?
Vitor: Me dá dez, ué. Dez dessa ai,
amarelinha.
[...]
Paula: Deu dez. Me dá logo uma
vermelha, tia.
Vitor: Ah! Pode não! Ela pegou a
vermelha, tia.
Paula: Solta! Claro que pode.
Vitor: Mas tem que pegar a amarela
primeiro.
Paula: Tem nada. Vai trocar mesmo, né
tia. Pode, né tia?
Professora: Quanto vale a ficha vermelha?
Paula: É dez.
Professora: E vocês podem ficar com mais de
dez fichas amarelas na mão?
Paula: Não
Professora: Então eu acho que a Paula tem
razão. Ela vai ter que trocar as
fichas
mesmo, então pode pegar a vermelha de uma vez, já que a vermelha vale dez.
Paula: Viu?
Vitor: Então eu também vou querer a
vermelha.
Professora: (risos) Então jogue os dados.
Vamos ver quanto vai dar.
[...]
Os meninos
brincavam 11 de Dez não pode, um jogo que trabalha com a noção de Sistema de
Numeração Decimal , em que a cada dez fichas de uma mesma cor troca-se por uma
de valor dez vezes maior. Paula, após realizar algumas. trocas, percebeu que poderia ganhar a ficha de
valor maior sempre que tirasse nos dados um número superior a dez. Dessa forma,
passa a compreender as fichas em seus valores, não como unidades de um
conjunto, e vai construindo mentalmente as suas ideias de agrupamento, base
numérica, valor posicional, Sistema de
Numeração Decimal, ainda que desconheça essa nomenclatura específica – o que, a meu ver, é mesmo
desnecessário no início.
Vitor não
conseguiu, de imediato, compreender a questão do valor de cada
ficha na realização
das trocas. No entanto, com o exemplo da colega, começou a fazê-lo. Primeiramente de forma mecânica e
por imitação, depois fazendo deduções e, assim, elaborando também os seus
conceitos.
A ilustração serve
para fazer-nos refletir sobre essa capacidade que tem o jogo de possibilitar,
nas interações, a construção do conhecimento. Também para nos dar um exemplo de como o aluno pode, de
formas diferentes, resolver os
problemas
que o jogo propõe e, dessa forma, alcançar os objetivos propostos.
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